sábado, 28 de maio de 2011

Os dez piores alimentos

Nutricionista lista os 10 piores alimentos para sua saúde
Postado em Vida e Saúde em 08/04/2011 às 15h00
por Redação EcoD
Que atire a primeira pedra quem não se rende a um fast food, salgadinho ou cachorro-quente e depois fica preocupado com as calorias que ingeriu. Mas o que pouca gente sabe é que os perigos desses alimentos vão muito além da questão estética e podem ser um risco para a saúde. Para esclarecer esses problemas, a nutricionista Michelle Schoffro Cook listou os dez piores alimentos de todos os tempos.
10º lugar: Sorvete
Apesar de existirem versões mais saudáveis que os tradicionais sorvetes industrializados, a nutricionista adverte que esse alimento geralmente possui altos níveis de açúcar e gorduras trans, além de corantes e saborizantes artificiais, muitos dos quais possuem neurotoxinas – substâncias químicas que podem causar danos no cérebro e no sistema nervoso.
9º lugar: Salgadinho de milho
De acordo com Michelle, desde o surgimento dos alimentos transgênicos a maior parte do milho que comemos é um “Frankenfood”, ou “comida Frankenstein”. Ela aponta que esse alimento por causar flutuação dos níveis de açúcar no sangue, levando a mudanças no humor, ganho de peso, irritabilidade, entre outros sintomas. Além disso, a maior parte desses salgadinhos é frita em óleo, que vira ranço e está ligado a processos inflamatórios.
8º lugar: Pizza
Michelle destaca que nem todas as pizzas são ruins para a saúde, mas a maioria das que são vendidas congeladas em supermercados está cheia de condicionadores de massa artificiais e conservantes. Feitas farinha branca, essas pizzas são absorvidas pelo organismo e transformadas em açúcar puro, causando aumento de peso e desequilíbrio dos níveis de glicose no sangue.
7º lugar: Batata frita
Batatas fritas contêm não apenas gorduras trans, que já foram relacionadas a uma longa lista de doenças, como também uma das mais potentes substâncias cancerígenas presentes em alimentos: a acrilamida, que é formada quando batatas brancas são aquecidas em altas temperaturas. Além disso, a maioria dos óleos utilizados para fritar as batatas se torna rançosa na presença do oxigênio ou em altas temperaturas, gerando alimentos que podem causar inflamações no corpo e agravar problemas cardíacos, câncer e artrite.
6 lugar: Salgadinhos de batata
Além de causarem todos os danos das batatas fritas comuns e não trazerem nenhum benefício nutricional, esses salgadinhos contêm níveis mais altos de acrilamida, que também é cancerígena.
5º lugar: Bacon
Segundo a nutricionista, o consumo diário de carnes processadas, como bacon, pode aumentar o risco de doenças cardíacas em 42% e de diabetes em 19%. Um estudo da Universidade de Columbia descobriu ainda que comer 14 porções de bacon por mês pode danificar a função pulmonar e aumentar o risco de doenças ligadas ao órgão.
4º lugar: Cachorro-quente
Michelle cita um estudo da Universidade do Havaí, que mostrou que o consumo de cachorros-quentes e outras carnes processadas pode aumentar o risco de câncer de pâncreas em 67%. Um ingrediente encontrado tanto no cachorro-quente quanto no bacon é o nitrito de sódio, uma substância cancerígena relacionada a doenças como leucemia em crianças e tumores cerebrais em bebes. Outros estudos apontam que a substância pode desencadear câncer colorretal.
3º lugar: Donuts (Rosquinhas)
Entre 35% e 40% da composição dos donuts é de gorduras trans, “o pior tipo de gordura que você pode ingerir”, alerta a nutricionista. Essa substância está relacionada a doenças cardíacas e cerebrais, além de câncer. Para completar, esses alimentos são repletos de açúcar, condicionadores de massa artificiais e aditivos alimentares, e contém, em média, 300 calorias cada.

2º lugar: Refrigerante
Michelle conta que, de acordo com uma pesquisa do Dr. Joseph Mercola, “uma lata de refrigerante possui em média 10 colheres de chá de açúcar, 150 calorias, entre 30 e 55 mg de cafeína, além de estar repleta de corantes artificiais e sulfitos”. “Somente isso já deveria fazer você repensar seu consumo de refrigerantes”, diz a nutricionista.
Além disso, essa bebida é extremamente ácida, sendo necessários 30 copos de água para neutralizar essa acidez, que pode ser muito perigosa para os rins. Para completar, ela informa que os ossos funcionam como uma reserva de minerais, como o cálcio, que são despejados no sangue para ajudar a neutralizar a acidez causada pelo refrigerante, enfraquecendo os ossos e podendo levar a doenças como osteoporose, obesidade, cáries e doenças cardíacas.
1º lugar: Refrigerante Diet
“Refrigerante Diet é a minha escolha para o Pior Alimento de Todos os Tempos”, diz Michelle. Segundo a nutricionista, além de possuir todos os problemas dos refrigerantes tradicionais, as versões diet contêm aspartame, que agora é chamado de AminoSweet. De acordo com uma pesquisa de Lynne Melcombe, essa substância está relacionada a uma lista de doenças, como ataques de ansiedade, compulsão alimentar e por açúcar, defeitos de nascimento, cegueira, tumores cerebrais, dor torácica, depressão, tonturas, epilepsia, fadiga, dores de cabeça e enxaquecas, perda auditiva, palpitações cardíacas, hiperatividade, insônia, dor nas articulações, dificuldade de aprendizagem, TPM, cãibras musculares, problemas reprodutivos e até mesmo a morte.
“Os efeitos do aspartame podem ser confundidos com a doença de Alzheimer, síndrome de fadiga crônica, epilepsia, vírus de Epstein-Barr, doença de Huntington, hipotireoidismo, doença de Lou Gehrig, síndrome de Lyme, doença de Ménière, esclerose múltipla, e pós-pólio. É por isso que eu dou ao Refrigerante Diet o prêmio de Pior Alimento de Todos os Tempos”, conclui.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Eutonia


EUTONIA E PERCEPÇÃO
 
Gerda Alexander escreveu um único livro e o chamou “Eutonia, Um Caminho Para a Percepção Corporal”.
Nesses meus anos como aluna e professora de Eutonia estive curiosa e atenta às questões como a percepção, o conhecimento do corpo, a imagem corporal. Tenho estudado estes temas e à medida que aumenta a minha compreensão, mais sei da importância deste trabalho ao qual me dedico, a Eutonia.
O texto que segue, escrito de maneira simplificada, pretende mostrar o caminho desde o estímulo nos receptores do Sistema Sensorial Somático até a sua interpretação no córtex cerebral, isto é, o substrato neurofisiológico da percepção, parte do trabalho proposto por Gerda Alexander.
É importante dizer que este é um recorte dentro do estudo da percepção do ponto de vista neurológico. Aqui está posto somente o que interessa para a compreensão da Eutonia.
O conhecimento que temos do mundo se dá através do sistema sensorial. A percepção se inicia nos receptores, cada um deles sensível a um tipo de estímulo. A partir do receptor, vias sensoriais se dirigem à medula espinal, tronco cerebral, tálamo e córtex cerebral. No córtex as informações sensoriais são interpretadas e reinterpretadas. Deste modo o cérebro constrói uma representação interna dos eventos físicos externos e, importante, essas percepções não são cópias precisas e diretas do mundo à nossa volta, visto que, a todo momento as informações sensoriais são editadas.
São cinco modalidades sensoriais principais : a visão, a audição, a gustação, a olfação e o tato ( tato é o modo simplificado de chamar as sensações corporais ou somáticas). Diferentes formas de energia, luminosa, mecânica, térmica, química estimulam receptores específicos e são transformadas pelo sistema nervoso nas diferentes modalidades sensoriais. Recebemos ondas eletromagnéticas de diferentes freqüências e percebemos cores, recebemos ondas de pressão e ouvimos palavras, música.
Para cada uma das modalidades sensoriais, há um sistema sensorial: visual, auditivo, gustativo, olfativo e o sistema sensorial somático.
Para a abordagem proposta, o Sistema Sensorial Somático é o mais importante e tem quatro submodalidades:
  • Tato propriamente dito, que é o sentido da textura dos objetos e do seu movimento sobre a pele. É provocado pela estimulação mecânica da pele onde se encontram os receptores.
  • Propriocepção, o sentido da posição dos membros e tronco no espaço oferecidos pela percepção da angulação das articulações. Os receptores estão nas articulações e nos músculos.
  • Nocicepção: sinaliza lesão tecidual geralmente percebidas como dor. É provocada por estímulos nocivos químicos, mecânicos ou térmicos.
  • Temperatura, que sinaliza calor e frio. Provocada por estímulos frios ou quentes.
No Sistema Sensorial Somático, o contato inicial com o mundo externo ocorre então através de células especializadas, os receptores sensoriais , mecanoreceptores, termoreceptores, nociceptores e quimioreceptores, localizados na pele e outros tecidos do corpo como músculos e articulações. No receptor, a energia do estímulo é transformada em um sinal neural eletroquímico. A partir do receptor, três neurônios ligam a pele e outros tecidos ao córtex cerebral. O primeiro neurônio conduz a informação sensorial do receptor até o tronco cerebral, o segundo cruza a linha média e vai até o tálamo contralateral e o terceiro daí ao córtex cerebral, região do lobo parietal anterior chamada córtex sensorial somático primário ou S 1. Cada via individual é organizada em série, e as várias vias de um sistema são organizadas em paralelo. As quatro submodalidades da sensação somática (tato, propriocepçao, nocicepção e temperatura) são conduzidas por duas vias paralelas. Então, no córtex as informações são combinadas para as percepções. Por exemplo, tato e propriocepção se combinam para que possamos reconhecer a forma e tamanho dos objetos apreendidos (textura + angulação das articulações).
No córtex parietal ou S1, para cada submodalidade do sistema sensorial primário há um mapa. São quatro mapas completos em cada uma das quatro áreas de Brodman que correspondem a S1 (3a, 3b,1 e 2). Mapa para o tato, para a propriocepção, nocicepção e temperatura. No caso do tato, o homúnculo de Penfield que é o mapa sensorial da superfície do corpo.
Todo o processamento desde o estímulo até a sua interpretação no córtex é bastante complexo. Está simplificado aqui porque este texto não se destina ao estudo da neurofisiologia, mas sim ao processo que fundamenta o trabalho de Gerda Alexander.
Baseado em estudos de casos de pacientes com lesão cerebral, ou a partir de estudos em animais ou ainda através de exames de neuroimagem que dão informações sobre a função do córtex, pode se afirmar que tal representação do espaço pessoal no córtex parietal difere sistematicamente entre indivíduos, de uma maneira que reflete o seu uso. A representação portanto é modificável pela experiência. Há uma determinação genética que programa os padrões das conexões entre neurônios, mas que é afetada pela atividade e aprendizado.
Além disso, o Sistema Sensorial Somático projeta para outras áreas, entre elas para o córtex parietal posterior (áreas 5 e 7 de Brodmann), onde as informações são usadas para configurar a imagem corporal e para planejamento de movimentos no espaço extrapessoal. O córtex posterior recebe entrada também do sistema sensorial auditivo e visual, colocando então a representação do corpo no espaço extrapessoal.
Cada vivência de Eutonia faz e refaz o trajeto desde o receptor, através dos neurônios até o córtex parietal. Está portanto orientado à percepção do corpo do modo como a descrevemos acima. Com seu trabalho sobre pele, ossos, articulações vai influenciar a representação do corpo no córtex e mais importante, a imagem corporal.
Parte do trabalho desenvolvido por Gerda se destina a isto, conhecimento do corpo, ampliação da sua percepção e interferência positiva no processo de reconstrução/desconstrução da imagem corporal. Esse é um dos pilares deste trabalho corporal, talvez não o mais importante, mas seguramente aquele que pode ser a base em todas as etapas.
A ampliação da percepção e sua influência sobre a imagem corporal se refletirão na vida daquele que pratica a Eutonia de muitas maneiras. Este texto não tem a intenção de discorrer sobre os benefícios desta prática (isto está posto nos livros e artigos que tratam deste trabalho corporal) e sim de mostrar a relação entre a vivência da Eutonia e Percepção.
 
Livros que julgo importantes para aquele que desja aprofundar-se;
•  Eutonia, um caminho para a percepção corporal, Gerda Alexander, 1976.
•  Eutonia, educação do corpo para o ser, Berta Vishnivetz 1995.
•  Neuroanatomia Funcional, Ângelo Machado, 1998.
•  Fundamentos da Neurociência, Eric R. Kandel, James H. Schwartz, Thomas M. Jessel, 1995.

Por Por Maria Renata de Almeida Viana



A Dimensão Educativa da Eutonia
Falar da dimensão educativa da eutonia, é falar sobre qual é a melhor maneira de transmitir este trabalho, ou seja, como se apreende a eutonia através da sua metodologia, como a eutonia acontece na prática. Gabriel, o pensador tem uma frase que sintetiza alguns pilares do trabalho da eutonia – “Seja você mesmo, mas não seja sempre o mesmo.”Seja você mesmo, nos remete na busca constante e no fortalecimento da nossa identidade, o que é dificultado num mundo cada vez mais preocupado com a praticidade, na busca de resultados rápidos e visões parciais da realidade.
“Mas não seja sempre o mesmo” é um convite para transformação, o que solicita quebrar padrões, ter flexibilidade, criatividade.
Para Gerda Alexander, criadora da eutonia, o homem é indivisível, o corpo é um conjunto integrado e coerente, é psicossomático. Sabemos que viver essa integração não é fácil, pois nos sentimos fragmentados. Assim, precisamos superar a nossa visão dualista sobre corpo- mente, sujeito-objeto, homem-mundo, o que nos leva a afirmar que a integração psicossomática não é dada , e sim construída. Este é um dos objetivos do trabalho da eutonia.
A eutonia tem uma dimensão educativa, sendo portanto, uma prática formativa; não é um trabalho que treina através de um conjunto de técnicas com condicionamentos ou propostas induzidas.Vejamos alguns aspectos da sua pedagogia, de como este trabalho acontece na prática.
Para trabalhar com eutonia é necessário que o eutonista tenha uma sólida formação, passado pelo curso de formação, vivenciara a eutonia em seu corpo, e com esta postura,orientar, propor, evitando julgamentos e modelos externos a serem seguidos.
A base do aprendizado do aluno se dá através da experiência. O saber ganha significado através do que é vivenciado. O aluno tem a liberdade de pesquisar, criar, de buscar soluções, participando ativamente do seu processo de construir constantemente o seu corpo, responsabilizando-se pelo seu desenvolvimento
A reflexão emerge do que foi vivenciado e não do que deveria ter sido ou do que se pensa a respeito.
Dizemos que é a pedagogia do sujeito ou da subjetividade, porque na eutonia, o aluno é estimulado a entrar em contato profundo consigo através das suas sensações, percepções e observações, construindo a sua identidade no próprio reconhecimento e no reconhecimento do outro. A subjetividade é social, ela se constrói na complementaridade eu-outro.
O trabalho é feito no sentido de desenvolver no aluno a sua concentração, atenção, estado de presença, contato, fazer os movimentos sem esforços desnecessários, com economia de forças.
O importante é o como é feito o movimento, o toque. O trabalho não está focado nas faltas, no erro, mas nas possibilidades de cada um, não havendo ênfase em resultados.
Com o tempo, gradativamente , o aluno aprende a cuidar-se transferindo para o seu cotidiano um repertório da eutonia, tornando-se responsável por si mesmo.
Nada disso tem sentido, se o eutonista não der tempo suficiente para o aluno pesquisar, sentir compreender, incorporar.
Nada disso tem sentido, se

o eutonista atropelar o trabalho com suas expectativas e desejos.
O trabalho é feito com o outro e não apesar deste.
Maria Thereza Bortolo, é eutonista e pedagoga. É coordenadora e docente do curso de Formação Profissional em Eutonia.






O QUE É EUTONIA

Certa vez,quando lhe perguntaram sobre os motivos que a impulsionaram a criar a Eutonia, Gerda Alexander respondeu: " O início da Eutonia encontra-se unido ao meu interesse pelo MOVIMENTO,que remonta a minha infância.Sempre fui obcecada pela idéia de uma EDUCAÇÂO para o movimento que não estivesse baseada na imitação."

"Aos 16 anos,depois de várias crises de febre reumática,contraí uma endocardite.Os médicos proibiram-me de realizar qualquer tipo de movimento;não podia sequer vestir-me sozinha.Tive de aprender a mover-me utilizando um mínimo de energia e a descansar antes de estar fatigada".

"Por meio das observações e estudos que realizei naqueles anos,comprovei que quando se tem uma noção clara do que se quer fazer,o organismo reage de forma reflexa,utilizando exatamente a quantidade certa de energia,com o nível correto de TÔNUS necessário para executar o seu objetivo,desde que os músculos sejam flexíveis e não estejam inibidos pelas tensões habituais, "Eu tentei descobrir como se poderia ampliar a capacidade de expressão de cada indivíduo sem programá-lo.Ao mesmo tempo,eu estava ocupada com minha necessidade pessoal:aprender a sobreviver". escreveu: Essas afirmações colhidas em entrevistas e textos de Gerda Alexander,a criadora da EUTONIA,nos fornecem elementos essenciais desse trabalho.

A EUTONIA se baseia na consideração do fenômeno humano da INDIVIDUALIDADE.As individualidades não se repetem,portanto suas práticas desenvolvedoras se pautam pela extração da CRIATIVIDADE,resposta própria e incomparável de cada indivíduo.

Cada ser humano dispõe de um espaço interno,que no corpo mostra-se integralmente revestido pela PELE,onde encontra recursos suficientes para uma expressão eficiente no mundo,sejam quais forem suas limitações.<BR><BR>À limitação,podemos responder com criatividade,com espírito de aventura e pesquisa,viajantes em nossas próprias terras,investigadores de nós mesmos.

É necessário que nos tornemos conscientes das tensões presentes em nosso corpo e que saibamos eliminá-las para experimentarmos o livre FLUXO entre nossas INTENÇÔES e nossos movimentos.Utopia? Não,FISIOLOGIA CONSCIENTE.

Como fazê-lo? Voltando nossa ATENÇÂO para nós mesmos,dispondo conscientemente de nossa capacidade sensível. "Tudo aquilo que tocamos também nos toca".Sinta em sua própria pele o que você acaba de ler.Essa experiência lhe remete a você,ao que lhe acontece,sem que você se isole,pois simultâneamente você percebe as áreas de contato entre seu corpo e o ambiente externo. Esse é o primeiro convite feito pela EUTONIA:tornar-nos conscientes de algo que está contínuamente,sem interrupção,nos acontecendo:o CONTATO entre o corpo e o meio externo e nossa pele funcionando como superfície mediadora desse contato. "Um exercício nunca é repetido do mesmo modo e as condições são diferentes a cada vez(influência da situação inicial,tempo,frio,calor,radioatividade etc...)

Isto significa que um exercício nunca é,na realIdade,o mesmo".

O que apreendemos de uma afirmação como essa é que,no desenvolvimento da capacidade de estarmos presentes,livramo-nos da aparente mesmice da rotina.Tarefa fácil?Não,possível.Facilitada pelo trabalho de percepção consciente da pele,que nas aulas de EUTONIA é proposto de muitas maneiras:observando-se o toque da pele com o chão,com nossas roupas e com diversos objetos de trabalho,como bambús e castanhas. Fisiologicamente o que acontece ao darmos atenção ao nosso corpo,à sua posição no espaço,aos seus movimentos e ao seu contato com o ambiente externo é o envolvimento de níveis superiores do córtex cerebral no processo perceptivo,o que implica no fornecimento ao nosso sistema nervoso central de informações aprimoradas sobre o que estamos vivendo e essa entrada de melhor qualidade alimenta a possibilidade de movimentos(ações)caracterizados por OBJETIVIDADE e PRECISÂO. Nesse processo de atenção direcionada para sí mesmo,sem isolamento,proposto nas aulas de EUTONIA,muitas vezes focalizaremos OS OSSOS.

"O sistema ósseo,cuja eficiência está contida na beleza de suas formas,tem em sí todas as possibilidades do movimento." A consideração dos ossos,sua percepção consciente,permite a liberação dos músculos-que se encontram relacionados à estrutura óssea-de tensões cristalizadas.A musculatura saudável realiza tanto CONTRAÇÂO quanto DESCONTRAÇÂO com eficiência,ou seja,exibe uma plena capacidade de variação de seu TÔNUS. O TÔNUS é a manifestação da vida no músculo e evidencia a comunicação funcional deste com o tecido nervoso. "O tônus,a capacidade das fibras musculares de modificação de sua elasticidade,participa em todos os tipos de ação.Nós precisamos de um tônus elevado para o esforço e de um tônus médio ou baixo para o repouso e o sono.Na EUTONIA,aprendemos a fazer uso do tônus mais adequado para uma ação determinada.

È interessante observar que basta pensarmos em fazer um movimento;assim que temos a intenção,já se modifica o tônus do corpo e a circulação,antes de executarmos físicamente o movimento". Todos os tecidosorporais se cooperam regidos pela prioridade de preservação da vida.Esse processo se dá,quer lhe emprestemos atenção ou não;apenas se nos tornamos conscientes dele,lhe conferimos otimização. Essa é a proposta da EUTONIA:que o homem disponha de sí para sí próprio e que interaja com seus próximos de maneira mais fluida e eficiente.

Para viabilizar tal proposta,em EUTONIA trabalhamos o corpo. Um corpo a serviço do ser que o habita é um corpo aceito,percebido diretamente,livre de críticas e julgamentos,digno de cuidados,honrado na sensibilidade de seus tecidos,utilizado na força interna de sua estrutura óssea e reflexos posturais, livre na expressão de seus movimentos. Gerda Alexander desenhou um método de trabalho corporal para o ser humano objetivando sua liberação de hábitos e atitudes condicionadas e a abertura de espaço para a criatividade correspondente a indivíduos mais conscientes de sí.

Os professores de EUTONIA exprimentam em sí próprios as propostas de trabalho que criam para seus grupos de alunos. O trabalho tambem é oferecido em sessões individuais onde se emprega amplamente o contato através das mãos do eutonista com áreas do corpo do aluno,de acordo à necessidade deste.

A EUTONIA tem sido aplicada em diversos contextos dedicados ao tratamento e desenvolvimento humano, como atendimentos em Psicologia Clínica, em Fonoaudiologia,preparação de gestantes,preparação de músicos,atores e bailarinos,atendimentos a idosos sedentários,a indivíduos incomodados por níveis elevados de stress,a portadores de lesões relacionadas a atividades laborativas,a indivíduos que apresentam queixas relacionadas à postura corporal.

Os profissionais de EUTONIA tem sempre encontrado boa receptividade entre indivíduos desejosos de ampliar sua percepção consciente de sí mesmos num espaço de trabalho corporal respeitoso e criativo.

Por Tereza Feitosa

domingo, 8 de maio de 2011

Forma e conteudo

A forma e o conteúdo

Este não é um texto sobre reeducação postural ou sobre fisioterapia. É mais uma reflexão global sobre a vida, uma reflexão que me tem carregado sobrolho, que tem enchido mais do que parte de mim... Tem a ver com a relação – ou não relação – entre a forma, nomeadamente a imagem, o aspecto, o exterior, a cor relevada, e o conteúdo, nomeadamente única e exclusivamente o que interessa.
Lembro-me que as primeiras vezes que a relação – algo constrita – entre os dois conceitos surgiu na minha mente foi quando, por alturas do curso e durante as apresentações de PowerPoint a apresentar – tínhamos de preparar trabalhos que fossem simultaneamente bons no conteúdo e bons para os olhos comerem. Nessa altura, tinha por hábito preparar – em papel – esquemas complexos, que aguçassem o olhar, com revelação implexa dos conteúdos a desenvolver; esses esquemas eram passados a computador pela Vanessa, minha companheira na época, a qual também se preocupava com a decoração dos conteúdos a apresentar. Sabíamos, mais do que ninguém, que um bom trabalho tinha de ser, primeiramente, comido pelos olhos.
Vários anos após ter terminado o curso, aqui estou eu a trabalhar no meu blog, o qual é, para além de um constructo de conteúdos, um determinado objecto do olhar. Eu, mais do que ninguém, sou um homem de conteúdos. Tenho, inclusive, um certo ódio à forma e à cultura da imagem, a qual está estritamente ligada à moda, à cultura de massas, à sociedade do consumo, ao marketing diabólico... E é aqui que chagamos ao ponto culminar da minha actual obsessão... Até que ponto estamos contaminados pela imagem, até que ponto estamos tomados pela “cultura do olhar”, pela “cultura da forma”. Tenho lutado muito contra as várias expressões da “cultura da forma”, principalmente aquelas que dizem respeito à minha área: o Pilates, o Fitness, os métodos sofisticados de Terapia Física, as mistificadas Medicinas não convencionais e até mesmo os não menos sofisticados – senão realmente sofistas – métodos de Fisioterapia como Bobath ou a Reeducação Postural Global... Uns, mais do que outros, possuem uma amplitude de abordagem comercial sem limites... e isso choca-me um pouco. Choca-me, por exemplo, o tom de “moda” do Pilates e do Fitness que por aí se praticam... E chocam-me, sobretudo, porque a Imagem que os mesmos revelam esconde uma grande pobreza de conteúdos!
Sim, é verdade que as nossas vidas estão repletas de marketing, de esboços mais ou menos estéticos de formas mais ou menos imperativas do olhar! Devemos lutar contra isso, contra algo que é tão visceralmente instintivo e, no fundo, natural no homem?... Na minha opinião, sim, devemos lutar contra os excessos e devemos tentar sempre gerir as fronteiras – muito espúrias – entre aquilo que é Forma e aquilo que já é conteúdo.
Mas, ainda assim, o que é mais danoso não é o facto de vivermos embrenhados de Forma, mas sim o facto de, tantas vezes, a Forma ser desprovida de valor, de conteúdo. Aí sim é que devemos lutar sem parar, lutar para que exista, pelo menos, uma relação proporcional entre as duas coisas.
Depois de muito reflectir, percebi que também eu trabalho a minha Imagem. Escrevo artigos inflamados para o Público, revelo uma imagem de “outsider”, trabalho o “aspecto” das minhas intervenções, e, no domínio das classes de Pilates, modifico constantemente os esquemas e trabalho a entoação de voz... etc. Sim, também eu me incluo dentro dos criminosos da Forma. Mas considero-me um lutador! Luto contra tudo isto ou, pelo menos, contra o seu excesso. Por outro lado, questiono-me se não devemos tentar dominar a ciência da forma, a ciência do “público”, o marketing popularucho, como única maneira que temos de “ascender”... E, por mais que me envergonhe disso, concluo, todos os dias, que mais vale fazer parte dos vencedores, bons manipuladores do mercado, do que dos vencidos... Que resolução tomarei para o novo ano?...

Novas leis da corrida
As orientações consagradas de treinamento, nutrição e prevenção de contusões são válidas, claro. Mas isso não quer dizer que sejam obrigatórias. Alguns treinadores, cientistas e outros especialistas do esporte estão desafiando o senso comum sobre o que fazer para se tornar um corredor melhor. Será que essa visão alternativa serve para você?
Por Bob Cooper | Ilustração Koren Shadmi
Você tem ouvido as recomendações de sempre por tanto tempo que aprendeu a aceitá-las como verdade absoluta. E, de fato, a maior parte desses conselhos é válida. Quem é contra aumentar a quilometragem, se programar para atingir o ápice da forma durante as provas importantes e alongar bastante, fortalecer a musculatura? Mas só porque muitos treinadores, cientistas esportivos e especialistas são unânimes em alguns pontos, não quer dizer que outras pessoas não pensem de modo diferente. Esses desafiantes apresentam lógica e evidências para sustentar suas opiniões e, se o que pregam acabar um dia prevalecendo, não será a primeira vez que as regras terão mudado. Na primeira maratona olímpica, pelo menos um corredor achou que era uma boa ideia beber vinho durante a prova. Não estamos dizendo que os que desafiam a sabedoria convencional estão certos ou errados. Somente que vale a pena considerar suas idéias, porque elas podem funcionar para você. Afinal de contas, na maratona de 1896, Spiridon Louis bebeu vinho. E venceu. Definitivamente, essa é uma prática que não recomendamos... Mas outras “subversões” de alguns dogmas você pode considerar. Veja quais.
Muitas milhas para maratonas

Pensamento convencional: você tem de acumular muitas milhas para correr uma boa maratona.
Visão alternativa: você pode correr uma quilometragem mínima e ainda assim atingir seu objetivo de tempo.
Muitas rotinas mais intensas de treinamento para a maratona exigem que você corra cinco ou seis dias por semana, atingindo uma rodagem total de 60 a 90 km. Dois especialistas de sucesso dos Estados Unidos acham que isso é demais para muitos corredores.
O programa de treinamento para maratonas desenvolvido por Jeff Galloway, ex-atleta olímpico dos Estados Unidos e colunista da RUNNER’S WORLD, recomenda que os iniciantes e os maratonistas mais rápidos corram apenas de três a quatro dias por semana. A quilometragem semanal chega ao máximo de 48 a 65 km, dependendo de seu objetivo de tempo. Galloway conta que 99% dos que participam de seu plano conseguem completar a prova. O programa de treinamento First, do treinador americano Bill Pierce, prega, de modo semelhante, que se corra somente em três dias da semana, com uma distância alta, de 51 a 56 km. Mais de dois terços dos corredores que seguiram esse programa conseguiram obter seus melhores tempos.
"Nosso programa não funciona somente para corredores mais lentos", afirma Galloway. "Tive corredores que quebraram a barreira das três horas correndo três vezes por semana, e me disseram que não conseguiram esse resultado quando corriam mais vezes." As marcas registradas desse programa são intervalos de caminhada regulares e uma corrida/caminhada bem longa, atingindo o máximo de 41 a 46 km. O programa First coloca ênfase na velocidade — treino de velocidade, tempo run (treino de ritmo) e um longão mais rápido — em três dias de corrida, mais dois dias de cross-training (musculação, bicicleta, natação etc.). "A filosofia por trás desse treino é que a intensidade é o principal fator necessário para melhorar o condicionamento", afirma Pierce. "Muitos corredores relataram sucesso com o programa First após vários fracassos com programas de alta quilometragem, além de acharem mais fácil encaixar apenas três corridas em suas agendas tão apertadas."

Você deve tentar?
Programas em que o menos é mais parecem adequados para corredores muito ocupados ou com tendência a contusões. Estudos e pesquisas com maratonistas validaram essa abordagem ao encontrar pouca relação entre quilometragem semanal e desempenho na maratona, especialmente para iniciantes, mas muita relação entre alta quilometragem e frequência de contusões.
Estratégia de velocidade

Pensamento convencional: treinos de velocidade devem incluir muitos tiros com períodos curtos de recuperação.
Visão alternativa: treinos de velocidade podem consistir em apenas dois tiros com uma recuperação longa.
A prova de que você é um corredor sério é a realização de treinos de velocidade longos e exaustivos: quanto mais repetições e menor o tempo de recuperação, mais durão você é. A lenda olímpica Emil Zatopek inspirou a tendência em 1954, com sessões épicas como 10 x 200 metros seguidos por 50 x 400 metros, totalizando 22 km. Desde então, corredores ambiciosos têm buscado atingir esse respeitável patamar.
Suzy Favor Hamilton e seu treinador Peter Tegen, no entanto, não concordam. No começo da temporada, ela realizou treinos mais leves, como 4 x 800 metros com 4 minutos de recuperação. Mais tarde, os treinos ficaram ainda mais rápidos e os períodos de recuperação, mais longos. Ela está convencida de que o treino mais importante para sua carreira é 2 x 800 metros com um longo intervalo de descanso de 15 minutos.
Que moleza, você deve estar pensando... Mas então como explicar seus sete títulos americanos e três participações olímpicas? Podem ser explicados pela velocidade com que correu aqueles dois 800 metros. Em três ocasiões, ela correu ambos em 2min04, somente 8 segundos a mais que o recorde americano.

Você deve tentar?
“Sempre acreditei em qualidade acima de quantidade”, diz Suzy Hamilton. “Quantidade o desgasta, mas qualidade o prepara.” Na próxima vez que for para as pistas, em vez de realizar um treino típico, como seis tiros de 800 metros em um ritmo de prova de 5 km com 2 minutos de descanso, realize apenas duas corridas de 800 metros com descanso de 15 minutos. Corra a primeira em seu ritmo forte e a segunda em velocidade máxima.
Treine até atingir um pico de treinamento

Pensamento convencional: você deve chegar gradativamente a um pico de treinamento, começando com um trabalho de base lento e adicionando aos poucos treinos de velocidade, antes de competir em sua prova-alvo.
Visão alternativa: execute o mesmo treinamento o ano todo.
A periodização, popularizada pelo falecido treinador Arthur Lydiard no início dos anos 60, tem esse nome devido aos períodos distintos do programa de treinamento, que levam progressivamente a picos de condicionamento: um treino de base que aumenta a resistência (quando a quilometragem lenta é aumentada), um período de desenvolvimento de força com foco em repetições de subidas, um período de treino de velocidade, um período em ritmo de prova e, por fim, um período de recuperação antes de recomeçar o ciclo. Nenhum sistema de treinamento é mais amplamente aceito.
No entanto, os críticos da periodização afirmam que todos os elementos-chave do treinamento podem ser interligados em um ciclo de uma ou duas semanas repetido durante todo o ano. Essa abordagem provou ser bem-sucedida para muitos corredores, inclusive para os grandes atletas australianos Ron Clarke, Derek Clayton e Rob de Castella, e treinadores como Scott Simmons.
"O treinamento pode progredir o ano todo com o aumento da quilometragem, da intensidade ou de ambos", afirma Simmons, que treina as estrelas da maratona do American Distance Project, Justin Young e Fasil Bizuneh. "À medida que se torna mais bem-condicionado, você se recupera mais rápido e pode treinar mais pesado. Mas não faz nenhum sentido diminuir qualquer elemento do treinamento, seja o treinamento aeróbico, anaeróbico ou de força, como pregado pela periodização. Por que interromper o desenvolvimento e começar novamente?"

Você deve tentar?
Simmons recomenda manter um ciclo de treinamento contínuo de uma semana que inclua um longão, uma sessão "limite" (tempo run) e um treino de velocidade. Nos outros dias, faça uma corrida leve, treine outras modalidades ou descanse. Ele reconhece que manter a mesma rotina o ano todo sem uma pausa é difícil. "A maioria das pessoas precisa de férias, nem que seja pelo descanso mental", afirma. "Pelo menos uma vez por ano, principalmente depois de uma maratona, reduza a quilometragem e elimine o treino de velocidade por algumas semanas."
Realize cross-training para obter condicionamento

Pensamento convencional: cross-training é bom para dias de recuperação, mas treino pesado deve ser sempre com corrida.
Visão alternativa: cross-training (especialmente ciclismo) pode melhorar de forma eficiente seu desempenho nas corridas.
O cross-training entrou lentamente na rotina dos corredores nas últimas duas décadas. Primeiro, começamos a praticá-lo para continuar em forma nos períodos pós-contusão ou quando aparecia a vontade de tentar um triatlo. Agora praticamos outras modalidades mesmo quando não estamos contundidos, para descansar músculos e articulações nos dias em que não corremos, como um treino aeróbico de baixo impacto. Mas a maioria dos treinadores e corredores ainda acredita que, quando se trata de melhorar a forma nas corridas, nada se iguala à corrida em si.
Desafiando essa crença, encontramos Richard Gibbens, um cientista especializado em exercícios e corredor do Texas, Estados Unidos. "O princípio da especificidade nos ensina que não há nada melhor para a corrida que correr", afirma Gibbens. "Mas pesquisas demonstraram que os treinos de alta intensidade de cross-training que utilizam os mesmos grupos musculares podem ser tão eficientes quanto a corrida no que se refere à melhora do desempenho."
Assim como Jeff Galloway e Bill Pierce, Gibbens acredita que o corredor médio precisa correr somente três dias por semana, escolhendo entre longões, tempo runs e treinos de velocidade, e realizar cross-training ou treino de força nos outros dois ou três dias restantes.

Você deve tentar?
Com certeza, se gosta de pedalar. Dois estudos compararam o treino só de corrida com corrida/ciclismo. Em ambos os estudos, corredores de nível médio a avançado realizaram de cinco a seis semanas de treinamento em grupos separados, um só de corrida e outro de corrida/ciclismo, que incluiu treino de velocidade. Os dois produziram o mesmo resultado: ao término do estudo, não foi encontrada nenhuma diferença significativa nos tempos de 5 km entre os dois grupos.
Trabalhe os músculos

Pensamento convencional: o treino de força o torna um corredor melhor.
Visão alternativa: seja seletivo quanto ao trabalho de força.
Se você é um corredor, precisa ir à academia pelo menos duas vezes por semana para fortalecer as partes inferior e superior do corpo. Não é o que defende Toby Tanser, que escreveu o livro More Fire: How to Run the Kenyan Way depois de dez anos ajudando a treinar e treinando com os principais atletas quenianos.
"O Rift Valley, no Quênia, é onde vive a concentração mais alta dos melhores corredores de longa distância e, para a grande maioria deles, o treino de força convencional não é uma opção", diz Tanser. "A maioria desenvolve uma força enorme no core [região do abdome] ao trabalhar nas fazendas desde pequenos, além de obterem ainda mais força ao correr nas estradas de terra do Quênia. As pessoas especulam que Martin Lel [duas vezes vencedor da Maratona de Nova York] ou Sammy Wanjiru [campeão da maratona olímpica de 2008] poderiam correr mais rápido se malhassem em uma academia. Mas eles poderiam também correr mais devagar", diz.
Tanser acredita que um corredor só precisa dos braços para se equilibrar, portanto um estilo de vida ativo é suficiente para a força dos braços, e também crê que as pernas são mais bem fortalecidas com corridas e exercícios pliométricos (saltos). "As pernas de Lel e de Wanjiru são como molas; quando correm, mal tocam o chão", ele diz. "Quando um corredor passa muito tempo na academia, ocorre um desgaste dessas 'molas'. Ao observar corredores no Central Park, consigo saber quais são frequentadores de academia porque a passada é estranha. Aqueles que não fazem nada além de correr têm pura simetria porque fortaleceram somente os músculos necessários para a corrida."

Você deve tentar?
O treinamento de força oferece muitos benefícios, como saúde melhor, controle do peso e corpo mais bonito, portanto há razões suficientes para continuar se você gosta desse tipo de treino. Contudo, se a musculação na academia for algo difícil para você, pergunte a seu treinador sobre outras formas de fortalecimento muscular — pilates e ioga, por exemplo. Você ainda pode usar borrachas ou fitas elásticas em casa para se exercitar. Correr em subidas e praticar sessões de saltos são outras formas de trabalhar a força. Quanto ao core, mantenha-o fortalecido com abdominais.
Não se esqueça de alongar

Pensamento convencional: alongamento regular é importante.
Visão alternativa: alongue se isso fizer bem para você.
Se costuma alongar ou não, você provavelmente supõe que seja importante. Afinal, esse exercício o deixa mais flexível, mais resistente às contusões e até mesmo mais rápido. Mas, se isso tudo for verdade, por que tantos quenianos não se alongam? Por que o lendário técnico Arthur Lydiard não era fã do alongamento? Porque simplesmente o assunto é polêmico e divide os especialistas.
"A maioria dos corredores tem uma fé injustificada nos benefícios do alongamento", afirma Paul Ingraham, corredor, massagista e jornalista especializado em saúde de Vancouver, Canadá. "Um grande volume de pesquisas demonstrou que o alongamento não o ajuda a se aquecer, a aliviar dores musculares, prevenir contusões ou melhorar o desempenho. Na verdade, nenhum benefício significativo e que possa ser mensurado foi jamais provado", ele diz.
Em artigos da literatura científica sobre o alongamento em 1999 e 2002, publicados no British Medical Journal e no Clinical Journal of Sport Medicine, constatou-se que o alongamento não apresenta estatisticamente efeito significativo no que se refere à redução de dores musculares ou contusões. Um estudo de 2008 realizado com 1020 soldados, em que metade deles se alongava, não revelou nenhuma diferença quanto à frequência de contusões.

Você deve tentar?
A mensagem de Ingraham é que você não precisa se sentir culpado se faz pouco ou nenhum alongamento. Mas ele admite que ainda se alonga um pouco, simplesmente porque se sente bem. Isso é fundamental. Se você toma cuidado e gosta de se alongar, e se isso funciona para você, não precisa parar. Mas, se tiver que optar, faça o alongamento depois do exercício. Isso foi consenso entre os especialistas entrevistados na reportagem da edição brasileira da RUNNER’S WORLD de abril de 2009. Antes de começar a correr, aqueça.
Reserve um tempo para a massagem

Pensamento convencional: massagens regulares aumentam o fluxo sanguíneo nos músculos e removem resíduos metabólicos.
Visão alternativa: as massagens podem diminuir o fluxo sanguíneo e a remoção dos resíduos metabólicos.
Desde a época em que os maratonistas eram massageados há um século, a massagem tem sido utilizada como ferramenta preciosa de recuperação. Muitos atletas acreditam que a massagem aumenta o fluxo sanguíneo nos músculos e removem resíduos metabólicos. Mas essa suposição nunca foi testada cientificamente durante uma massagem pós-exercício, até que um estudo canadense foi apresentado na conferência da American College of Sports Medicine em 2009.
"Os resultados do estudo identificaram claramente que a massagem pós-exercício não é capaz de melhorar o fluxo sanguíneo nos músculos e remover resíduos que afetam o desempenho muscular", afirma a co-autora do estudo, Victoria Wiltshire, da Queen’s University, em Ontário. "Se apresenta benefícios de recuperação muscular para os corredores, é resultado de outros mecanismos. O estudo demonstrou que o fluxo sanguíneo e a remoção de resíduos metabólicos dos músculos exercitados foram prejudicados, em vez de auxiliados pela massagem."

Você deve tentar?
Embora a massagem possa não eliminar suas dores musculares pós-corrida, estudos demonstraram que ela reduz a ansiedade e diminui a pressão sanguínea, entre outros benefícios, portanto não é completamente inútil.
Beba bastante água

Pensamento convencional: beba muita água.
Visão alternativa: beba somente quando tiver sede.
Hidratação, hidratação, hidratação. Você é bombardeado por essa mensagem todos os dias. Mas é realmente necessário beber água o tempo todo, na mesa do escritório ou em uma corrida pesada?
"Os seres humanos evoluíram para se hidratar de acordo com o que manda a sede, antes, durante e após os exercícios", afirma Tim Noakes, médico doutorado, autor do livro Lore of Running e professor de ciência esportiva da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul. "Esse é o modo como todas as criaturas que foram estudadas funcionam, e não há motivo para acreditar que os humanos sejam isentos dessa regra biológica fundamental. Mas, por várias décadas, fomos informados de que a sede não é medida precisa da necessidade de líquidos durante os exercícios, que se esperarmos por ela será ‘tarde demais’ e que, durante o exercício, você deve beber quanto aguentar".
O cientista sul-africano é uma das vozes mais ativas que estão pedindo uma reeducação dos corredores devido à hiponatremia associada aos exercícios (também conhecida como intoxicação por água), à qual têm sido atribuídas pelo menos 12 mortes e 1500 enfermidades no mundo todo. São casos de hidratação em excesso, que pode causar inchaço do cérebro. Em contraste, Noakes diz, não há evidência clara de que níveis moderados de desidratação apresentem riscos à saúde durante os exercícios. "O bom senso só vai voltar quando os corredores agirem de acordo com os sinais que o corpo dá durante os exercícios", afirma.

Você deve tentar?
Não devemos beber oito copos de água por dia? Bem, a orientação "oito copos" é resultado da recomendação de ingestão diária de água, mas uma pessoa, em média, obtém boa parte dessa quantidade por meio do conteúdo líquido presente nos alimentos e bebidas. O que não quer dizer que você não deva ingerir líquidos em longões ou em dias quentes. Mas isso deve ocorrer em resposta à sede, não como estilo de vida.
Tênis corrige problemas

Pensamento convencional: corra com um tênis com bastante proteção, isto é: amortecimento para proteger as articulações e elementos de controle de movimento para corrigir a pisada.
Visão alternativa: quanto menor for o amortecimento e a quantidade de elementos de estabilidade de um tênis, melhor, porque eles apenas impedem a conexão entre o pé e o solo.
Os tênis de corrida costumavam ser bem finos até cerca de 1970, quando começou a virada para modelos mais pesados e mais elaborados. "A maioria das solas hoje em dia é simplesmente espessa demais e os elementos para controle de movimento, muito restritivos", afirma Phil Maffetone, autor do livro In Fitness and In Health e ex-técnico de corredores e triatletas renomados. "O principal problema desses tênis é que eles impedem que as terminações nervosas de seu pé percebam o stress gravitacional de cada passada e façam pequenos ajustes para eliminar esse stress. As pesquisas demonstram que os chamados recursos protetores, na verdade, aumentam a frequência de contusões."
Alguns minimalistas vão um passo além e pregam a prática da corrida com pés descalços, mas Maffetone observa que isso não é viável para a maioria dos corredores. Os tênis minimalistas, geralmente chamados de tênis de desempenho ou de prova, têm a vantagem extra de serem mais leves. "Todas as marcas produzem bons tênis", afirma Maffetone, "mas é melhor evitar modelos com suporte e amortecimento em excesso."

Você deve tentar?
Ron Hill, vencedor da Maratona de Boston em 1970 e três vezes atleta olímpico, costumava correr descalço, mas mudou para tênis leves depois de pisar em um caco de vidro. "Com a variedade de materiais disponíveis hoje em dia, é possível encontrar tênis leves que ofereçam amortecimento e proteção", diz ele. Alterne tênis leves com seu tênis regular por algumas semanas para acostumar-se com menos suporte e testar se são adequados para você.